A exposição “Baixa Colateral Distópica”, do artista visual goiano Rondinelli Linhares, que estava aberta desde dezembro no Centro Municipal de Cultura Dr. Henrique Ordovás Filho, em Caxias do Sul, gerou polêmica e discussões acaloradas nas últimas semanas. Inicialmente programada para encerrar no dia 2 de fevereiro, a mostra, que aborda temas como o culto ao sagrado, gênero, sexualidade e exploração do corpo, provocou reações na comunidade e na Câmara Municipal de Vereadores, com destaques para as manifestações dos vereadores e Alexandre Bortoluz (PP), Hiago Morandi (PL) e Ramon de Oliveira Teles, Capitão Ramon (PL). O espaço, que voltaria de recesso na manhã desta segunda-feira (6), permanecerá fechado nos próximos dias por decisão da Secretaria da Cultura, visando à preservação da segurança dos servidores e do patrimônio público. A medida foi tomada após ameaças feitas pela população nas redes sociais em virtude da exposição na galeria.
Anteriormente, o vereador Alexandre Bortoluz (PP) havia se manifestado contrário à exposição. Na ocasião, foi encaminhado um ofício pedindo a retirada da exposição e o fechamento do Centro de Cultura Ordovás até o dia 6 de janeiro de 2025, além de solicitar que o artista responsável fosse impedido de expor os trabalhos em prédios públicos da cidade. Para Bortoluz, as obras são consideradas uma prática inadmissível.
O vereador Ramon protocolou uma denúncia junto ao Ministério Público, onde evidencia que a exposição faz “apologia ao sexo”, “explora a sexualidade de forma inadequada para o público infantojuvenil” e promove “discurso de ódio”, com incitação a violência, discriminação e preconceito. O vereador também questiona a ausência de fiscalização quanto à classificação indicativa da exposição.
Embora o Ministério Público tenha arquivado a denúncia por não encontrar irregularidades, o vereador se manifestou nas redes sociais, criticando a decisão e reiterando o pedido de fechamento da exposição à Secretaria de Cultura, liderada por Tatiane Frizzo (PSDB). Em entrevista à Rádio Caxias, Ramon afirma que foi informado por eleitores e visitou pessoalmente o local. Ele relata que não encontrou ninguém na portaria e viu uma placa indicando que menores de 18 anos não poderiam entrar, mas observou que o acesso ao espaço não era efetivamente controlado. Segundo ele, a exposição continha símbolos religiosos católicos sexualizados, e uma criança teria tido acesso ao local.
Conforme Ramon, a Procuradoria Geral do Município foi notificada e se comprometeu a adotar as medidas necessárias para que a exposição fosse interrompida antes do prazo previsto.
Em resposta, a secretária da Cultura, Tatiane Frizzo, afirma em entrevista à Rádio Caxias que a principal preocupação no momento é garantir a segurança dos servidores e a integridade das obras. Ela informa que, diante das ameaças recebidas, foi solicitado ao Ministério Público que tomasse medidas para proteger o patrimônio e os funcionários do espaço. Frizzo ainda enfatiza que a exposição está localizada em um ambiente fechado, com sinalização clara e indicativa que é destinada ao público maior de 18 anos e cumpre todas as exigências legais.
A partir desta segunda-feira (6), o Centro Municipal de Cultura Dr. Henrique Ordovás Filho seguirá com a programação suspensa, e os servidores realizarão trabalho interno.