Em entrevista à Rádio Caxias, o ex-governador do Rio Grande do Sul, Germano Rigotto, analisou o atual cenário político e econômico brasileiro apontando três frentes principais: a manutenção da alta taxa de juros, a crescente polarização eleitoral e as mudanças previstas no novo código eleitoral, em tramitação no Senado.
Rigotto classificou como “excessiva” a atual taxa Selic, hoje em 15%, apontando que o Brasil opera com um dos maiores juros reais do mundo. Segundo ele, o cenário é consequência direta da falta de responsabilidade fiscal por parte do governo federal, com gastos públicos acima do previsto. De acordo com Rigotto, “o governo está gastando mais do que deveria, e isso pressiona a dívida pública. E sem controle fiscal, o Banco Central é obrigado a manter juros elevados para conter a inflação — o que acaba desestimulando o crescimento, o consumo e o emprego”.
Apesar de reconhecer sinais positivos divulgados através da prévia da inflação (IPCA-15), que registrou queda, o ex-governador vê como improvável uma redução consistente nos juros sem maior coordenação entre política monetária e fiscal. Ele também criticou a falta de sintonia entre o executivo e o Banco Central.
Ainda na entrevista, Rigotto também abordou o ambiente eleitoral à medida que o país se aproxima das eleições de 2026. Para ele, o Brasil sofre com a radicalização política e a ausência de uma agenda nacional. Na opinião dele, “o ideal seria que nem Lula, nem Bolsonaro fossem candidatos”, pois o país estaria exausto dessa polarização. De acordo com Rigotto, “é preciso que lideranças representem equilíbrio, propostas claras e capacidade de pacificação.” Citando pesquisas que indicam que mais de 60% dos brasileiros não se identificam com os dois principais polos políticos hoje no país, Rigotto defendeu a necessidade de novas lideranças que construam pontes, em vez de aprofundar divisões.
Sobre o novo código eleitoral, Rigotto destacou pontos positivos, como a possibilidade de verificação física dos votos impressos, para efeito de auditoria. Entretanto, alertou para retrocessos, especialmente quanto à Lei da Ficha Limpa. De acordo com o ex-governador, “há artigos que enfraquecem o combate à corrupção”. Ele também acrescentou que “a redução do tempo de inelegibilidade beneficia diretamente políticos condenados, o que preocupa.” Para o o ex-governador, a discussão sobre o código ocorre num momento em que o Congresso Nacional está desconectado das prioridades da população, pois “reformas estruturais, como a tributária e a administrativa, estão paradas e o foco está em mudanças que interessam à classe política, não ao país.”
Ao fim da entrevista, Rigotto criticou a paralisia dos poderes e a ausência de articulação institucional. Lembrou que mais de 80% da população desaprova o Congresso Nacional, conforme pesquisa recente, e que os Três Poderes enfrentam crise de credibilidade. Segundo o ex-governador, “se vive um momento de improviso, sem planejamento de médio ou longo prazo.” Na opinião dele, “o Brasil precisa de estabilidade, responsabilidade fiscal e um mínimo de convergência institucional para avançar.”
Confira aqui a entrevista completa.