Uma megaoperação no Alemão e na Penha contra o Comando Vermelho no Rio de Janeiro foi realizada na terça-feira (28) com repercussão em toda a mídia brasileira e internacional. Houve o registro de dezenas de mortes e prisões com vias fechadas pelos criminosos em represália em todo o Grande Rio. Segundo os números e especialistas na área, esta é a operação mais letal da história do estado.
Para avaliar os processos desencadeados pela polícia carioca e a ação, a coordenadora do Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos (GENI) da Universidade Federal Fluminense (UFF), professora Carolina Grillo, concedeu entrevista ao Jornal da Caxias. Ela é especialista em segurança pública, professora da UFF e atua como pesquisadora.
A professora apontou que ainda não se tem os números oficiais e totais de mortos na operação. Ela definiu o episódio como uma irresponsabilidade tremenda do poder público, onde foi desconsiderado o cuidado com a vida dos moradores locais, interrupção de diversos serviços e a morte de policiais.
A especialista garantiu que a ação não vai impedir o Comando Vermelho de continuar atuando e que o método de combate ao crime é comprovadamente ineficiente, no qual há décadas, segundo ela, se sabe que não funciona.
Carolina comentou que as operações apenas contribuem para agravar a situação que já é muito problemática. Acrescentou que os moradores já têm que conviver com o controle dos traficantes e a polícia acaba entrando como outro ator violento que, de acordo com ela, acaba contribuindo por agravar ainda mais a situação. Ela observou que as facções acabam ganhando ainda mais poder e se articulando nos presídios.
A professora ainda relatou a necessidade de investir em investigação, inteligência e desmantelamento de elos estratégicos dessas redes criminais. Explicou que a desarticulação do mercado ilegal de armas é mais estratégico do que ficar prendendo e matando.
Cerca de 50 corpos foram retirados de uma área de mata do Complexo da Penha por moradores. Os corpos foram reunidos na Praça São Lucas, no centro da comunidade, e de acordo com os moradores, não fariam parte da contagem oficial de mortos.
