Na teoria, as únicas preocupações de quem frequenta a escola, independentemente do órgão que faz a administração, seriam os conteúdos relacionados com as disciplinas. Mas, a realidade tem sido bem diferente. Inclusive, existem pais e alunos em Caxias do Sul que ainda não sabem se terão um local para retornar das férias escolares agora no mês de fevereiro.
Essa é a realidade de quem está matriculado na Escola de Ensino Médio Professor Apolinário Alves dos Santos no bairro Sagrada Família. No próximo dia 8, serão dois meses que a escola está interditada após um curto circuito na rede elétrica que comprometeu o final do ano letivo de 2023 e causa incertezas para o início das aulas programadas para a metade final de fevereiro. Neste caso, são cerca de 800 alunos matriculados.
As questões estruturais se repetem, inclusive, a maior escola do Município, o Instituto Estadual de Educação Cristóvão de Mendoza está a cerca de 10 anos na espera por reformas. A previsão é de que com as matrículas que ainda estão em andamento, cerca de até 1,5 mil alunos estarão inscritos para frequentar as dependências da instituição.
No local, as obras necessárias estão divididas em três etapas, bem como três licitações. A primeira, já aprovada e liberada pelo Governo do Estado, prevê as reformas do ginásio, auditório e passarelas da escola localizada no bairro Cinquentenário. As adequações também visam o cumprimento do Plano de Prevenção e Proteção Contra Incêndio (PPCI).
A diretora do Cristóvão de Mendoza, Raquel Grazziotin, explica como está o andamento das demais licitações envolvendo a escola. A próxima etapa a ser liberada são as reformas dos blocos que abrangem as salas de aulas, banheiros e demais partes administrativas. Também estão previstas adequações no cercamento do local e acessibilidades. Raquel demonstra alívio com a etapa autorizada e iniciada de obras e ansiedade pelos recursos que estão a caminho.
No Desvio Rizzo, a Escola Estadual de Ensino Médio Alexandre Zattera, teve as obras autorizadas em abril do ano passado pelo próprio governador Eduardo Leite (PSDB) in loco e no mês seguinte iniciou os trabalhos. Entretanto, teve o processo interrompido em outubro pela empresa Boa Vista Construções, então responsável pelas intervenções.
A diretora do Zattera, Marili Knebel, relembra que as obras na instituição prevêem troca da rede elétrica, troca do telhado e rede pluvial, para adequação dos esgotos. Alguns pontos das intervenções tiveram início e ficaram pela metade do caminho no prédio. A escola soma cerca de 900 alunos matriculados em três turnos.
Ambas as obras iniciadas estão inclusas no projeto estadual Lição de Casa. Na solenidade que assinou o termo de oficialização da primeira etapa das obras do Cristóvão, a coordenadora da 4ª Coordenadoria Regional da Educação (4ª CRE), Viviane Devalle, comenta que a Cristóvão de Mendoza era e segue sendo uma das prioridades da gestão.
A coordenadora conta que existem planilhas de acompanhamento das 119 escolas abrangidas pela 4ª CRE e dessa forma são identificadas as prioridades. Sobre questões que podem vir a comprometer o início do ano letivo em alguma instituição, Viviane Devalle cita que as atenções estão voltadas, principalmente, para escolas que precisam de obras. Nesse contexto, a coordenadora aponta a escola Professor Apolinário Alves dos Santos em caráter emergencial.
Em entrevista à Rádio Caxias, o chefe do Executivo estadual, Eduardo Leite, explanou mudanças nas formas de contratação de empresas para reformas em prédios escolares. A ideia é de que não sejam mais necessários projetos e diversos projetos licitatórios para obras de conservação. A intenção é fazer licitações por blocos a partir de uma listagem de preços.
Em resposta a reportagem, a Secretaria Estadual de Obras Públicas apontou como está o processo de contratação de obras para as escolas. No caso do Cristóvão, a licitação para os blocos, refeitório e acessibilidade está orçada em R$ 15,7 milhões. Já a obra do cercamento tem investimento previsto de R$ 58 mil, ambas licitações estão em andamento.
A Alexandre Zattera, como adiantado pela diretora, aguarda documentação para confirmar a contratação de uma nova empresa. Segundo a Secretaria o contrato está em elaboração, o investimento é de mais de R$ 960 mil. Já o Apolinário passa pela seleção de uma empresa responsável para a regularização da parte elétrica.
Os problemas são diversos e se estendem na rede estadual de Caxias, as reivindicações partem de alunos, pais e responsáveis, professores e diretores. Se atinge um ponto onde a indignação dá lugar a insegurança e temor do que pode acontecer.