Celebrado nesta sexta-feira (26), o Dia Nacional do Surdo é uma data simbólica na luta por inclusão, acessibilidade e reconhecimento da identidade surda no Brasil. O marco relembra a criação do Instituto Nacional de Educação de Surdos (Ines), em 1857, no Rio de Janeiro, primeira escola voltada ao ensino de pessoas surdas no país, e propõe uma reflexão sobre conquistas e desafios ainda presentes.
Em Caxias do Sul, a luta pela autonomia e dignidade da comunidade surda é fortalecida pela atuação da Sociedade dos Surdos de Caxias do Sul. Fundada em 1986, a entidade completa 39 anos de atividades em 2025, com iniciativas que vão de projetos educacionais e culturais à promoção da Língua Brasileira de Sinais (Libras) como direito e expressão cultural.
Segundo o presidente Gustavo Perazzolo, o principal objetivo da entidade é garantir qualidade de vida e ampliar as oportunidades de inclusão: “A Sociedade dos Surdos nasceu da necessidade de integrar e dar visibilidade às pessoas surdas. Trabalhamos para fortalecer a comunidade e ampliar o uso da Libras na comunicação.” A intérprete de Libras que acompanha Perazzolo reforça a mensagem de esperança da entidade:
“A comunidade surda já conquistou muito, mas seguimos lutando. Queremos uma Caxias do Sul com menos barreiras e mais oportunidades.”
Entre as ações desenvolvidas estão cursos de Libras, eventos de integração, atividades culturais e esportivas, além de projetos voltados à inclusão em escolas e instituições. Ainda assim, a falta de intérpretes em serviços públicos, hospitais e salas de aula segue como um dos principais obstáculos, apontando a necessidade de políticas públicas efetivas e maior conscientização da sociedade.
Outro ponto de referência no município é a Escola Municipal Especial de Ensino Fundamental Helen Keller, localizada no bairro Lourdes, que atende estudantes surdos e representa um espaço de apoio fundamental.
O desafio, no entanto, é global. Dados do IBGE (2021) indicam que o Brasil tem 2,3 milhões de pessoas com deficiência auditiva, sendo que a maioria não utiliza a língua de sinais. No mundo, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 1,5 bilhão de pessoas apresentem algum grau de perda auditiva.
Mais do que uma data comemorativa, o Dia Nacional do Surdo é um chamado à ação. Um lembrete de que a surdez não deve ser vista como limitação, mas como parte da diversidade humana, e de que a garantia de autonomia, dignidade e acessibilidade deve ser um direito para todos.