Na próxima quarta-feira (29) é celebrado o Dia Nacional do Livro. Em alusão a data, a Reportagem da Rádio Caxias foi atrás de alguns dados sobre o universo dos livros em Caxias do Sul e também conversou com pessoas ligadas à leitura.
Recentemente a cidade realizou a 41ª Feira do Livro. O evento fechou com um público estimado de 134.804 pessoas e uma venda de 32.276 livros. O coordenador do evento, Cássio Immig, avaliou de forma positiva mais esta edição. Ele explica que os números são parecidos nas últimas três edições. Ou seja, se não houve crescimento, também não foi registrado declínio, indicando estabilidade. Contudo, ele aponta uma maior adesão da população com melhora da avaliação qualitativa.
Cássio também é diretor da Biblioteca Pública Dr. Demétrio Niederauer, que, de acordo com ele, conta com 18 mil associados. Porém, deste número, apenas cerca de 2,7 mil cadastros estão ativos no momento. Após associação o registro fica ativo durante um ano desde o último empréstimo.
O número pode ser considerado relativamente baixo quando é levado em conta o tamanho da população, que tem um nível de alfabetização considerado alto. Soma-se a isso o fato de que o serviço funciona no Centro da cidade. O diretor pondera que os horários de funcionamento podem inibir um pouco a adesão da população para associação e empréstimos das obras.
Por outro lado, a quantidade de associados vem aumentando ao longo dos últimos anos. Em relação ao ano passado, por exemplo, houve um acréscimo de 650 sócios ativos.
Ele informa que por se tratar de uma biblioteca generalista, os gêneros literários mais procurados podem ser divididos em quatro eixos principais: infanto-juvenil, juvenil, literatura brasileira contemporânea e os best-sellers internacionais.
Além do empréstimo, a biblioteca municipal conta com espaço para leitura, consulta local e auditório. O acervo de cerca de 100 mil exemplares tem aproximadamente 35 mil livros disponíveis para empréstimos. O serviço também conta com coleções especiais e obras raras. Além de promover o concurso anual literário, que revela os talentos literários da cidade, a biblioteca também conta com o projeto Livro Livre, que possibilita a troca de obras.
O cadastro para empréstimo pode ser feito com documento de identificação com foto, comprovante de endereço e contribuição anual de R$10 ou um livro em bom estado. Associação na categoria infanto-juvenil não exige contribuição.
A Biblioteca Pública é integrada com a Biblioteca Parque, no Parque dos Macaquinhos, e com a Biblioteca da Praça Estação Cidadania – Cultura, no bairro Cidade Nova.
O diretor, que também é responsável pelo espaço nos Macaquinhos, conta que o local foi aberto recentemente e funciona de quinta a sábado, no turno da tarde, especializada em literatura infantil e infanto-juvenil. O acervo no local é de 7,5 mil exemplares.
Por fim, apesar do que alguns números possam sugerir, Cássio acredita que Caxias é uma cidade leitora e conta com outras opções além do ofertado pelo poder público.
O patrono da última edição da Feira do Livro em Caxias, o escritor Pedro Guerra, conta que a experiência foi muito especial. Ele já havia sido patrono em feiras de outros 10 municípios, mas dessa vez teve um gosto especial ser homenageado na cidade onde nasceu.
A leitura entrou na vida dele pela influência dos pais e atividades na escola. Ele ressalta a importância de dar o exemplo para que os filhos também possam se tornar leitores. Pedro tem 20 livros publicados, divididos em diferentes gêneros literários.
Para a jornalista Claudia Palhano, a leitura entrou ainda na infância na vida dela, criada pelos avós no interior de São Francisco de Paula, convivia com os tios que liam na época escolar. O fato chamou atenção, admiração e interesse de Claudia.
Já na escola, ela passou a observar as professoras que eram adeptas à leitura e aproximavam as obras dos estudantes.
A jornalista garante que o sentimento permanece até hoje, o mundo da leitura continua transportando Cláudia para outro lugar, fazendo a refletir, desenvolver e a ajudando no cotidiano, além de ser eficaz para a sua comunicação. Ela trabalha com textos e o hábito acaba sendo uma ferramenta necessária para compreensão dos conteúdos e transmissão.
Textos documentais, poesias e contos fazem parte de suas preferências literárias, mas o romance é que mais lhe chama a atenção.
Assim com o projeto Livro Livre da Prefeitura, pelo segundo ano consecutivo, a Semana do Lixo Zero sedia uma feira para troca de livros. A especialista em economia circular e organizadora do evento, Geovana Secco, conta que na edição do ano passado houve a movimentação de 200 obras. A expectativa é que o número possa ser ainda maior neste ano.
Geovana destaca inúmeros benefícios atrelados a prática, como a minimização dos impactos ambientais e o estímulo a leitura. Além disso, reforça que a troca vai ao encontro dos princípios da economia circular onde se explora o uso máximo dos produtos.
Ela destaca a busca para que as práticas de compartilhamento sejam mais difundidas e se estendam a outros itens. Acresce que o ato da circularidade colabora para frear os impactos ambientais e promove o uso eficiente e sustentável dos produtos.
Apesar de muitos números mostrarem cada vez mais o desinteresse da população pela literatura, conseguimos perceber que a leitura e os livros se mantêm vivos por diferentes formas e agentes. Seja pelo poder público ou por iniciativas privadas, no fim, a paixão pelo universo da informação e da imaginação, sempre terá um público fiel e apaixonado.


