A busca pelo corpo perfeito tem levado muitas pessoas a coloca a própria vida em risco. Principalmente, sem saber, ao utilizar profissionais inabilitados. A maioria deles, tendo como referência apenas o número de seguidores nas redes sociais. A situação é preocupante e acaba impulsionando também o registro de judicializações sobre o tema, justamente, por conta de erro médico.
Relatórios da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) reforçam a informação e apontam que só, em 2019, foram registrados pouco mais de 450 mil processos dessa natureza no Brasil. Dentre as especialidades médicas mais expostas a esse risco de indenização por erro médico estariam as áreas de ginecologia, obstetrícia, cirurgia plástica, ortopedia, medicina de emergência e cirurgia geral, conforme estudo divulgado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
De acordo com a integrante do Conselho Regional de Medicina do Estado (Cremers), Fernanda Ronchetti, os dados seriam uma conseqüência do aumento exponencial de médicos mal preparados para o mercado de trabalho. Justamente por isso, a médica assegura que a postura do órgão é totalmente combativa quanto a esse tipo de atuação irregular da classe médica. Até porque, muitos desfechos podem ser catastróficos, ou seja, é preciso estar atento e aplicar as medidas ético-profissionais necessárias, a fim de garantir a segurança, mas também, a qualidade do atendimento médico prestado.
O presidente do Cremers, Eduardo Trindade, endossa a fala de Fernanda. Ele ainda questiona a abertura desenfreada de escolas médicas e o número de vagas em faculdades. Isso porque, o Conselho busca a excelência na formação médica, e não, a formação desenfreada de profissionais. Até porque, de nada adianta ter capital humano, se não contar com hospitais, laboratórios e postos de saúde bem equipados, ressalta.
Diante disso, o Cremers trabalha no combate ao exercício ilegal da medicina, ou seja, de atividades que são prerrogativas de médicos com formação na área de anatomia e de farmacologia, entre outros. Não apenas por que isso tende a minimizar possíveis complicações, muitas vezes, permanentes. Mas também, porque alguns procedimentos dermatológicos e estéticos, por exemplo, são oferecidos de forma inadvertida nas redes sociais.
Dados da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética corroboram a informação e apontam que o Brasil é o segundo país que mais realiza procedimentos estéticos no mundo, sendo responsável por 40% deles, nos últimos anos.
Neste sentido, o presidente do Cremers chama a atenção para as especialidades reconhecidas pelo órgão. Eduardo Trindade esclarece ainda que nem todo médico está habilitado para exercer determinado procedimento, ainda que se fale em medicina integrativa. Portanto, é necessário o paciente pesquisar a fundo se, de fato, o profissional tem a especialidade médica anunciada, antes de se submeter a qualquer tipo procedimento, por mais simples que seja, sob o risco de ter complicações decorrentes da falta de formação adequada.