Após 12 dias de ataques entre Irã e Israel, os Estados Unidos anunciaram, oficialmente, sua entrada no conflito — não apenas como mediadores, mas também com ações militares. Entretanto, na noite de segunda-feira (23), o presidente Donald Trump surpreendeu ao anunciar um cessar-fogo entre os dois países. Mas horas depois, no entando, a própria Casa Branca questionou a validade do acordo, diante de novas violações de Israel e Irã, nesta terça-feira (24).
Diante dos últimos fatos, a Rádio Caxias ouviu o cientista político e professor da Universidade de Caxias do Sul, João Ignácio Pires Lucas. Ele analisou o conflito sob uma perspectiva geopolítica e afirmou que o estopim partiu de Israel, num contexto de instabilidade interna. Segundo Lucas, a ofensiva israelense teria também o objetivo de desviar o foco dos problemas políticos no país. O Irã, por sua vez, teria apenas respondido com mísseis, explorando falhas defensivas israelenses.

De acordo com o professor, a intervenção americana, com ataques a alvos iranianos, indicou risco de ampliação global do conflito. Contudo, os danos ao programa nuclear iraniano foram limitados. Lucas destacou que, apesar do tom hostil, Rússia e China mantêm distância, mesmo com seus laços estratégicos com o Teerã.
No mercado financeiro, os impactos foram imediatos. O economista Pedro de Cesaro, comentarista da Rádio Caxias, apontou alta do dólar, queda do Ibovespa e valorização de ativos como ouro e Bitcoin, nesta terça-feira. O economista afirmou que a instabilidade se intensificou com o risco no Estreito de Ormuz — rota de 20% do petróleo mundial — e a notícia de que o cessar-fogo já havia sido rompido. Ele ainda completou que o Estreito de Ormuz segue no centro das atenções, com o Irã de um lado e aliados dos EUA, como Emirados Árabes, do outro. Inclusive, pontuou que a China já advertiu que qualquer bloqueio comercial seria inaceitável, aumentando a pressão internacional.
Por sua vez, o professor da UCS, João Ignácio ponderou que o conflito transcende o campo militar e reflete disputas históricas, ideológicas e energéticas, ou seja, “mesmo com um cessar-fogo aparente, combates localizados devem continuar”. O cientista político ainda destacou que o desrespeito ao cessar-fogo mostra que o acordo ainda é frágil, fazendo com que o mundo observe, mais uma vez, o Oriente Médio como epicentro de um conflito que ameaça se transformar em crise global.
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