Quem mora em Caxias do Sul certamente já passou em frente ao 3° Grupo de Artilharia Antiaérea (3º GAAAe), ou então, pelo quartel, como é popularmente conhecido. Localizado na avenida principal do Bairro Rio Branco, a construção de 1922 chama a atenção. Os pavilhões brancos, imponentes e acima do nível da rua contam muitas histórias e despertam a curiosidade de inúmeras pessoas. Afinal, por que Caxias do Sul tem esta construção? Para o que isso serve? O que é feito do portão de ferro para dentro, nos mais de 51 mil m²?
Em um decreto de 17 de julho de 1950, foi criado e nomeado o 3º Grupo de Canhões Automáticos Antiaéreos, denominação alterada 23 depois, em 15 de janeiro de 1973, para 3º Grupo de Artilharia Antiaérea. Outra denominação foi destinada no dia 23 de abril de 2001, quando o Comandante do Exército concedeu para a Organização Militar o nome histórico de Grupo Conde de Caxias, em homenagem ao então brigadeiro Luís Alves de Lima e Silva – Barão de Caxias.


Construído por imigrantes, o quartel está diretamente ligado à história da Pérola das Colônias. As paredes exuberantes foram erguidas com a mão de obra de um povo rodeado de incertezas, mas que já constituía raízes no desconhecido. Agora, prestes a completar 75 anos de história, em um contexto de paz do território brasileiro, por que é importante manter um braço do Exército na Serra Gaúcha?
A principal missão dos homens e mulheres que vivem o dia a dia no local está constituída em servir a nação. Mas como e por que preparar equipes para possíveis confrontos dentro de um contexto pacifico? O comandante do 3º GAAAe, tenente-coronel George Koppe Eiriz explica como preparar os jovens para um possível combate diante da realidade pessoal de cada um, que muitas vezes é individualista. O comandante cita que a sociedade não observa o Brasil em risco, entretanto o país não está livre de confrontos, principalmente observando bens minerais.
Algumas subdivisões existem dentro do Grupo Conde de Caxias. Por ano, dos cerca de 1.200 alistados, são recrutados para serviço militar 200 jovens. Inicialmente, todos possuem os treinamentos básicos para servir, após são divididos conforme as capacidades pessoais de cada um. Destes, 20 são encaminhados para o Núcleo de Preparação de Oficiais da Reserva (NPOR), local onde é possível permanecer por até oito anos construindo carreira. O comandante Koppe detalha que todas as habilidades são observadas, afinal são os próprios jovens que realizam serviços básicos do Comando.
Especificamente no NPOR, a preparação de oficiais é diferente, afinal quem está alocado ali realiza em paralelo as funções do Grupo o ensino superior. Desta forma, até mesmo o pernoite nas dependências do quartel não é obrigatório. O capitão Peterson Loreto explica a rotina dos selecionados para o Núcleo. Quem permanece após o ano de serviço obrigatório é preparado, normalmente, para comandar uma tropa de até 60 militares. Dentro das dependências do NPOR provas práticas e teóricas são aplicadas para avaliação dos jovens, os melhores podem ser chamados para ocupar o cargo de oficial temporário.
Além disso, existem reservistas que são selecionados para testar habilidades no uso de mísseis. Uma ou duas vezes ao ano o treinamento é prático e afastado da cidade, as demais vezes os escolhidos treinam em um simulador, buscando aperfeiçoar a mira e técnicas para atingir aeronaves. Hoje o míssil utilizado pelo exército é o RBS 70, de origem sueca.

O comandante Koppe comenta a relevância de Caxias do Sul abrigar o quartel, que faz com que a cidade seja privilegiada e tenha relevância no cenário nacional, interligando a história. Koppe detalha a abrangência do 3º GAAAe.
Mas no fim das contas, o que é e como servir adequadamente a pátria? Durante a minha conversa com o comandante ele expressou que “servir a pátria é o mais alto valor”. Mas como internalizar um sentimento de pertencimento em combatentes que estão dispostos a dar a própria vida em defesa e honra ao país. O comandante frisa que é uma forma de valorizar os antepassados e a história de quem constitui o Brasil, de leste a oeste, de norte a sul.
Logo, o quartel é sinônimo de imponência, história, valores, honra, respeito e amor. Dos 200 jovens recrutados por ano, cerca de 80 possuem o interesse de permanecer e seguir carreira militar. O número, considerado positivo, é reflexo de um trabalho de dedicação e honra à bandeira verde e amarela. Pátria amada, Brasil!



