O Rio Grande do Sul registra mais de 1,4 mil casos de violência contra pessoas LGBTQIAPN+ em 2025. Os dados são da Ouvidoria Nacional do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania e incluem situações de maus-tratos, exploração sexual e tráfico de pessoas, entre outras violações de direitos humanos.
No cenário nacional, até 29 de setembro deste ano, já haviam sido contabilizados 36.443 casos de violência contra essa população. No Estado, Caxias do Sul aparece em segundo lugar, com 124 registros de violência, ficando atrás apenas da capital, Porto Alegre.
Durante entrevista à Rádio Caxias, o professor de Direito da Faculdade Anhanguera, Antony Delorran, disse que os números revelam um panorama preocupante de violência no Estado. Afinal, segundo ele, “o Rio Grande do Sul está entre os 13 estados que mais matam pessoas trans e travestis no país. E o Brasil segue liderando, há 17 anos, o ranking mundial de assassinatos dessa população”.
O professor ainda citou os dados divulgados, recentemente, pela Associação Nacional de Travestis e Transexuais. O dossiê da violência revela que o número de homicídios de pessoas trans e travestis aumentaram 110% desde 2008. Em 2024, foram registradas 122 mortes, o equivalente a uma pessoa a cada três dias. Delorran recordou durante a entrevista, que a expectativa de vida média desse grupo é de apenas 32 anos, menos da metade da média brasileira, que é de 77 anos para pessoas cisgênero, ou seja, que se identificam com o gênero de nascimento.
Delorran destacou ainda a ausência de delegacias especializadas no atendimento a vítimas LGBTQIAPN+ no Estado. Ele ponderou que, atualmente, “já existem delegacias específicas para mulheres e idosos, contudo, essa população ainda carece de um canal de atendimento adequado”. Na opinião do advogado e professor, essa “é uma lacuna grave na proteção dos direitos humanos”.
O professor também chamou atenção para o contexto de vulnerabilidade social que afeta grande parte dessas vítimas. De acordo com Delorran, muitos são expulsos de casa e acabam em situação de rua ou recorrendo à prostituição como forma de sobrevivência. Portanto, para Delorran, o enfrentamento à violência deve começar pela educação em casa e nas escolas, e por políticas públicas efetivas de enfrentamento à violência de gênero.
Confira aqui a entrevista na íntegra.
Números principais
- Casos no Brasil (até setembro/2025): 36.443
- Casos no RS: mais de 1.400
- Caxias do Sul: 124 casos (2ª cidade com mais ocorrências)
- Aumento de assassinatos de pessoas trans e travestis desde 2008: 110%
- Expectativa de vida média: 32 anos (trans e travestis) x 77 anos (cisgênero)
Fontes: Ouvidoria Nacional do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania | Dossiê Antra 2025 | Faculdade Anhanguera