Nos últimos meses, comprar café se tornou um desafio para a população brasileira. A alta dos preços, que ocorre desde maio do ano passado, ganhou novos patamares de elevação. A depender da marca, o quilo pode chegar próximo ou até ultrapassar os R$ 50. Porém, o produto, que já está caro, deve ter um aumento ainda maior. Segundo a Associação Brasileira da Indústria do Café (ABIC), nos próximos dois meses os preços devem subir novamente, com um reajuste entre 15% e 20% nos supermercados.
Conforme dados da ABIC, o consumo de café em 2024 representou um crescimento de 1,11% em relação a 2023. Além disso, o volume total consumido no país alcançou 21.916.240 sacas, representando 40,4% da safra brasileira. O faturamento estimado do setor foi de R$ 36,82 bilhões, o que representa um aumento expressivo de 60,85% devido ao reajuste do preço do café.
O diretor executivo da ABIC, Celírio Inácio, revela que, apesar do aumento expressivo, a indústria precisou lidar com o aumento de mais de 116% no custo da matéria-prima. Ele destaca que, mesmo diante da necessidade de repassar parte desse impacto ao varejo, o setor conseguiu transferir apenas 37,4% do reajuste ao longo do ano. Porém, a porcentagem faz o produto ser o mais caro da cesta básica. O aumento do preço ainda é considerado o maior em comparação a outros produtos no mesmo período, como leite (+18,4%), arroz (+15%) e óleo de soja (+26,6%).
Inácio ressalta que existe, de forma evidente, uma divergência entre o custo da matéria-prima e os preços ao consumidor. Ele evidencia que os preços devem subir até o mês de abril, devido ao custo total, representada 224% da compra do café, não ter sido repassado.
A alta do café está relacionada a ondas de calor e à seca no ano passado, considerados os principais fatores responsáveis por gerar estresse na planta, que, para sobreviver, precisou ter os frutos retirados e ser impedida do pleno desenvolvimento. Além disso, ondas de calor e geadas ocorreram nos últimos quatro anos.
Também, como fatores que influenciam o preço, estão as guerras no Oriente Médio, responsáveis por elevar o embarque do produto, com encarecimento dos contêineres utilizados na exportação, e o consumo elevado, com abertura para novos mercados internacionais, com aumento na busca por certificações de qualidade, o que influencia na oferta da bebida internamente. Foram certificados 278 novos produtos em 2024.