O presidente Luiz Inácio Lula da Silva lançou, na quarta-feira (13), o Plano Brasil Soberano, conjunto inicial de medidas para mitigar os impactos econômicos da elevação unilateral, em até 50%, das tarifas de importação sobre produtos brasileiros anunciadas pelo governo norte-americano no último dia 30 de julho.
Após o anúncio do pacote de R$ 30 bilhões em crédito previsto pelo governo Lula, o vice-presidente de Relações Institucionais do Simecs, Rubem Bisi, fez uma avaliação da decisão governamental durante entrevista à Rádio Caxias. Conforme Bisi, o Plano representa “um oxigênio temporário” e que a manutenção de empregos “exigirá mais que financiamento”.
A iniciativa anunciada pela presidente Lula prevê ações como adiamento de tributos, ampliação do Reintegra e crédito condicionado à preservação de postos de trabalho. Para Bisi, embora compreensível, essa exigência precisa ser aplicada com cautela. Segundo o Simecs, os 17 municípios da Serra, da base sindical, exportaram cerca de US$ 1,4 bilhão em 2024, sendo 23% para os EUA. Os setores mais atingidos incluem o metalmecânico (US$ 160 milhões), ferramentaria (US$ 40 milhões), automotivo (US$ 30 milhões) e eletrônico (US$ 10 milhões).
Entre os pontos positivos, Bisi destacou a prorrogação de tributos por dois meses, a ampliação do Reintegra de 3% para 6% para pequenas e médias empresas e a facilitação do drawback, que é um regime aduaneiro que permite a suspensão ou isenção de tributos incidentes na aquisição de insumos empregados ou consumidos na industrialização de produtos exportados. Mas as declarações de Bisi não param por aí. Ele alerta que “essas medidas aliviam, mas não compensam as perdas com os EUA.” O dirigente também disse durante a entrevista que teme que o cenário atual leve à retração de investimentos no setor industrial. De acordo com Bisi, “com a incerteza, o empresário adia decisões, o que afeta emprego e competitividade.”
Na entrevista, Bisi mostrou ressalvas quanto à proposta de criação de uma Câmara Nacional de Acompanhamento do Emprego. Para ele, a medida pode gerar insegurança, especialmente se o grupo for “politizado e não técnico”. Por fim, o vice-presidente de Relações Institucionais do Simecs, defendeu uma abordagem mais pragmática do governo nas relações com os EUA. Bisi acredita que “é hora de negociar, reduzir tensões”. De acordo com ele, insistir em narrativas ideológicas pode trazer novas sanções e o Brasil precisa é de “estabilidade e renda para manter empregos e gerar impostos”.
Confira aqui a entrevista completa.