O Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), principal indicador utilizado como referência para o reajuste de aluguéis no Brasil, voltou a subir em abril após uma deflação registrada em março. De acordo com dados divulgados nesta terça-feira (30) pela Fundação Getulio Vargas (FGV), o índice avançou 0,24% no mês, acumulando alta de 1,23% em 2025 e de 8,50% nos últimos 12 meses.
A elevação do IGP-M pode pesar no bolso dos inquilinos, refletindo uma pressão inflacionária que contrasta com a trajetória de desaceleração observada no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado o índice oficial da inflação no Brasil.
Para o economista Pedro de Cesaro, é essencial compreender as diferenças entre os dois indicadores para entender os impactos reais sobre os preços e contratos. “O IPCA mede a inflação do consumidor final e é calculado pelo IBGE. Já o IGP-M, que é produzido pela FGV, tem uma base mais ampla, composta por 60% do Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), 30% do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) e 10% do Índice Nacional da Construção Civil (INCC)”, explica.
Segundo Cesaro, essa composição mais diversa torna o IGP-M mais suscetível a oscilações provocadas por fatores como variações cambiais e preços de commodities. “É um índice muito mais volátil e sensível à dinâmica econômica real, o que o torna mais próximo da inflação sentida no dia a dia por diferentes setores”, afirma.
Essa maior abrangência explica por que o IGP-M é amplamente utilizado em contratos de aluguel, mesmo não sendo o índice oficial de inflação. “Muitas imobiliárias e locatários o preferem justamente por refletir melhor o custo real da economia, inclusive com a inclusão do setor da construção civil, algo que o IPCA não contempla”, destaca o economista.
A diferença entre os dois índices é significativa. Enquanto o IPCA acumula alta de cerca de 5,5% nos últimos 12 meses, o IGP-M já atinge 8,5% no mesmo período — cerca de 70% a mais.
Com o cenário econômico ainda instável, Cesaro recomenda atenção redobrada aos movimentos do IGP-M nos próximos meses. “Oscilações no câmbio ou nos preços internacionais de produtos básicos, como minério de ferro e petróleo, podem impulsionar ainda mais o índice e, consequentemente, pressionar os reajustes de aluguel e outros contratos atrelados a ele.”
A alta de abril, mesmo moderada, acende um sinal de alerta para inquilinos e proprietários, que devem acompanhar com atenção a evolução do indicador nos próximos meses.
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