A Comissão de Saúde da Câmara de Vereadores de Caxias do Sul realizou nesta terça-feira (9), uma reunião com a participação de vereadores, membros da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), do Instituto Ideas — responsável pela gestão das UPAs Central e Zona Norte — e do Conselho Municipal de Saúde. A reunião foi convocada após denúncias de servidores sobre demissões, atrasos salariais e terceirizações excessivas nos serviços de saúde.
O vereador Rafael Bueno (PDT), presidente da Comissão, destacou que servidores relataram a chamada “quarteirização”, ou seja, a subcontratação dentro da própria terceirização, o que estaria precarizando o atendimento nas UPAs. Segundo Gustavo Colombo, gerente-geral do Ideas, essa prática está respaldada por decisão do STF e é necessária para cobrir ausências em plantões, licenças médicas e férias.
Um dos pontos mais críticos debatidos na reunião foi o atraso no pagamento dos salários de médicos, causado por falhas da empresa responsável pela intermediação dos pagamentos, embora o repasse da Prefeitura e do próprio Ideas estivesse sendo feito regularmente.
Conforme o vereador, os dados apresentados pela gestão indicam que cerca de 63% dos atendimentos na UPA Central e 75% na Zona Norte poderiam ser resolvidos nas UBSs, evidenciando a falha na atenção básica de saúde. Bueno alertou que essa situação sobrecarrega as UPAs, especialmente nos dias de maior demanda, gerando longas esperas para pacientes com casos simples.
Outro dado preocupante é o número de internações: mais de 6 mil pessoas foram internadas via UPAs no primeiro semestre de 2025 — 4.198 pela Zona Norte e 1.832 pela Central. Essa alta demanda tem pressionado os leitos hospitalares, principalmente em períodos de maior incidência de doenças respiratórias.
Vereadores também criticaram a falta de campanhas de prevenção e a escassez de agentes da Estratégia Saúde da Família (ESF). Por fim, o secretário de Saúde, Geraldo de Freitas, afirmou que o município investe quase o dobro dos 15% constitucionais obrigatórios em saúde, mas reconheceu os desafios enfrentados e defendeu o diálogo com o Legislativo. Ao término da reunião, a Comissão de Saúde se colocou à disposição para intermediar soluções e acompanhar as ações das gestões envolvidas.