O mês de agosto marca uma mobilização nacional em prol da amamentação. Conhecido como Agosto Dourado, o período reforça a importância do aleitamento materno como prática fundamental para a saúde das crianças e das mães, e como direito que deve ser garantido por toda a sociedade. A campanha deste ano tem como tema “Apoie a amamentação: faça a diferença para mães e pais que trabalham”, e busca envolver famílias, empregadores e o poder público.
A data é celebrada anualmente no dia 1º de agosto, em mais de 120 países, e marca o início da Semana Mundial do Aleitamento Materno, promovida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef). Estudos apontam que o aleitamento materno pode reduzir em até 13% a mortalidade infantil por causas evitáveis. O leite materno é considerado um alimento completo e ideal até os seis meses de idade, período em que a amamentação deve ser exclusiva — sem a introdução de água, chás ou outros alimentos. A partir do sexto mês, a amamentação deve continuar em conjunto com a alimentação complementar até, pelo menos, os dois anos de idade.
Segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), crianças amamentadas exclusivamente têm menos chances de desenvolver infecções respiratórias, gastrointestinais, obesidade e doenças crônicas ao longo da vida. Para as mães, os benefícios também são significativos: menor risco de câncer de mama e ovário, menor incidência de diabetes tipo 2, auxílio na perda de peso pós-parto, além da criação de um vínculo emocional fortalecido com o bebê.
O Brasil tem avançado nas taxas de amamentação. Segundo o Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil (Enani), 45,7% das crianças brasileiras menores de seis meses são amamentadas exclusivamente, um número acima da média global. A meta nacional segue alinhada ao plano da OMS: alcançar pelo menos 70% de amamentação exclusiva até 2030. O país também é referência mundial por manter a maior rede de Bancos de Leite Humano do mundo, com mais de 200 unidades em funcionamento. Esses bancos realizam coleta, pasteurização e distribuição de leite materno doado a bebês internados em UTIs neonatais.
Um dos maiores desafios enfrentados pelas mães brasileiras é a conciliação entre a amamentação e o retorno ao trabalho. Para enfrentar essa realidade, o Governo Federal anunciou a implantação de salas de apoio à amamentação em Unidades Básicas de Saúde (UBSs) de cinco estados (DF, Pará, Paraíba, Paraná e São Paulo), permitindo que mães ordenhem e armazenem o leite de forma segura e higiênica.
Além disso, iniciativas como o programa “Mulher Trabalhadora que Amamenta”, o Método Canguru e a estratégia “Alimenta e Amamenta Brasil” também fortalecem redes de apoio dentro e fora do Sistema Único de Saúde (SUS). A amamentação é um direito humano das mulheres e das crianças, e não deve ser tratada apenas como uma escolha individual, mas como uma responsabilidade coletiva. A OMS destaca que cada dólar investido em promoção ao aleitamento retorna em US$ 35 em economia com tratamentos e produtividade futura.
Garantir tempo, espaço e apoio para que as mães possam amamentar é investir no futuro da sociedade.