A Câmara de Indústria, Comércio e Serviços de Caxias do Sul (CIC Caxias), juntamente com outros Sindicatos Econômicos ligados à entidade, enviou uma carta destinada ao vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, cobrando ações imediatas quanto às tarifas impostas pelo governo norte-americano sobre os produtos brasileiros. A correspondência também foi encaminhada, por e-mail, aos presidentes da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, e do Senado, Davi Alcolumbre.
No documento, a CIC expressa preocupação com o aumento das tarifas para 50% anunciado recentemente pelo presidente Donald Trump às exportações brasileiras, que entrará em vigor no dia 1º de agosto. Através do ofício, a entidade solicita a adoção de medidas urgentes para evitar maiores prejuízos à economia nacional. O presidente da CIC, Celestino Loro, ressalta que o atual momento pede protagonismo das lideranças públicas.
Segundo o estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI), o Rio Grande do Sul está entre os estados mais afetados pela taxação, o que deve impactar cerca de 22 mil empregos e causar perdas estimadas em R$ 1,9 bilhão no PIB, fatores salientados na carta pelas entidades. Em Caxias do Sul, até um quarto das exportações pode ser impactado, afetando diretamente setores como o polo metalmecânico, móveis, plásticos e equipamentos industriais.
Loro também destaca que a melhor alternativa é buscar a negociação com os Estados Unidos, deixando de lado questões político-partidárias. A carta faz um apelo ainda para que o governo atue com celeridade e alinhamento, priorizando a diplomacia técnica.
O presidente da entidade sugere urgentemente retomar a diplomacia sustentada em argumentos econômicos, que demonstre a relevância da parceria comercial com os Estados Unidos e os prejuízos que as tarifas trarão a ambas às partes. Além do protagonismo das lideranças, o documento também pede clareza na condução das estratégias nacionais de comércio exterior.
Confira a carta na íntegra:
“Exmo. Sr.
Geraldo Alckmin
Vice-Presidente da República do Brasil
Prezado Senhor, a Câmara de Indústria, Comércio e Serviços de Caxias do Sul (CIC Caxias), entidade centenária que representa um dos maiores polos industriais do Brasil, e os Sindicados Econômicos que subscrevem este manifesto externam sua profunda preocupação com a escalada de tensões comerciais entre Brasil e Estados Unidos, diante da previsão de aumento das tarifas sobre exportações brasileiras a partir de 1º de agosto.
Segundo levantamento da Confederação Nacional da Indústria, o Rio Grande do Sul figura entre os estados mais penalizados, com perdas potenciais estimadas em R$ 1,9 bilhão no PIB e cerca de 22 mil empregos extintos. Esses números não são meras projeções, mas representam impactos concretos sobre cadeias produtivas e vidas.
Em Caxias do Sul, onde o perfil exportador é estruturante e abrange setores como metalmecânico, móveis, plásticos e equipamentos industriais, o prejuízo pode atingir até um quarto das exportações locais. As consequências são diretas: retração no nível de empregos, queda na arrecadação pública, desestímulo a investimentos e enfraquecimento da competitividade de empresas que há décadas contribuem para o saldo da balança comercial brasileira.
O cenário é crítico. E o silêncio institucional do governo federal, aliado à paralisia nas ações diplomáticas, compromete ainda mais as possibilidades de contenção do problema. Disputas ideológicas têm desviado o foco da
política externa do Brasil, enquanto pontes comerciais estratégicas estão sendo desfeitas diante de nossos olhos.
A CIC Caxias e os Sindicatos Econômicos conclamam o governo brasileiro a assumir sua responsabilidade com firmeza e racionalidade. Da mesma forma, apelam aos Poderes da República que, com serenidade e, principalmente, celeridade, atuem alinhados na defesa dos interesses do País. É urgente retomar a diplomacia com base em critérios técnicos, isenta de disputas político-partidárias, e sustentada em argumentos econômicos que demonstrem a relevância da parceria comercial com os Estados Unidos.
Como representantes legítimos do setor empresarial da Serra Gaúcha, não podemos silenciar diante de tamanha ameaça. A história julgará os que se omitirem. O momento exige protagonismo das lideranças públicas e clareza na
condução das estratégias nacionais de comércio exterior. O mínimo que se espera agora é que o País defenda os seus”.