A imposição de tarifas de até 50% sobre produtos brasileiros exportados aos Estados Unidos, anunciada pelo governo norte-americano com vigência prevista para agosto, já causa preocupação entre empresários do setor de comércio exterior. A medida, considerada repentina e sem prazo claro para revisão, ameaça comprometer contratos firmados com antecedência e desorganizar a cadeia logística e produtiva.
Luís Gustavo Boz, diretor e sócio-fundador da AGE Comics, empresa caxiense especializada em assessoria aduaneira e logística, relata que os efeitos da taxação já são perceptíveis, apesar de não haver ainda estimativas de perdas. Segundo Luis, a maioria das exportações são mediante contratos de longa data, causando um impacto direto sobre os produtos que já estão nos portos prontos para deixar o país.
O Rio Grande do Sul deve ser o segundo estado mais afetado no Brasil, atrás apenas de São Paulo, devido à expressiva participação das exportações para o mercado norte-americano. Entre os segmentos mais impactados estão os de móveis, madeira, insumos agrícolas, calçados e componentes automotivos — este último diretamente relacionado à atividade da AGE Comics, que também atua como exportadora.
De acordo com dados da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (FIERGS), atualmente, 1,1 mil indústrias gaúchas exportam para os EUA, empregando cerca de 145 mil pessoas. Luis destaca que parte das mercadorias destinadas aos Estados Unidos já está sendo retida em portos por conta da recusa de compradores em arcar com os novos custos.
A empresa, que atualmente direciona 100% de suas exportações para os Estados Unidos, vive um momento de incerteza. Luis destaca que já está em tratativas com parceiros norte-americanos buscando alternativas, inclusive tentando pleitear isenções temporárias para alguns setores da indústria americana que dependem de insumos internacionais.
O cenário é particularmente sensível por envolver contratos de longa duração que agora estão em risco devido à nova taxação. Sem previsão de exceções por parte das autoridades norte-americanas, empresas brasileiras avaliam alternativas como redirecionamento de mercados ou a renegociação de acordos.