A caderneta de poupança fechou o primeiro semestre de 2025 com saída líquida de R$ 49,64 bilhões, o segundo pior resultado semestral da série histórica, iniciada em 1995. O volume de saques superou os depósitos em todos os seis meses do ano, com exceção de junho, que registrou um respiro com captação líquida positiva de R$ 2,1 bilhões.
O montante, movimentado no semestre, reforça o desequilíbrio: foram R$ 2,07 trilhões em depósitos e R$ 2,12 trilhões em retiradas. Segundo o economista da BTG Pactual, Pedro de Cesaro, este é o nono semestre consecutivo de saldo negativo na poupança, algo que não ocorria, desde 2020. O economista afirma que o dado revela um cenário preocupante, pois este desempenho é o segundo pior em 30 anos. De acordo com Pedro, “é alarmante como a população está usando as reservas financeiras não para investir, mas para arcar com despesas básicas. Pois, isso indica fragilidade crescente no orçamento das famílias.”
Conforme o economista, com rendimento de 0,5% ao mês, mais a Taxa Referencial (TR), a poupança oferece cerca de 0,67% ao mês, ou algo em torno de 8% ao ano. Ou seja, a rentabilidade é muito modesta, principalmente, quando comparada a alternativas de renda fixa como CDBs ou Tesouro Direto, que pagam até 15% ao ano, e que tem levado investidores a buscar opções mais vantajosas. Conforme Pedro, “a poupança já deixou de ser uma boa escolha há muito tempo”. Atualmente, ele garante que “há inúmeras alternativas de fácil acesso, inclusive com suporte de plataformas digitais e inteligência artificial, que permitem decisões mais bem informadas.”
Conforme Pedro, além da baixa rentabilidade, outro fator que pressiona a poupança é o aumento do endividamento das famílias. A inadimplência entre pessoas físicas subiu de 5,3% em dezembro de 2024 para 6,1% em maio de 2025. O economista avalia que “em um cenário de juros altos e crédito caro, as famílias recorrem à poupança para quitar dívidas ou simplesmente fechar o mês. Ou seja, não é uma decisão estratégica de investimento, é uma resposta à necessidade”.
Para o economista, ouvido pela reportagem da Rádio Caxias, o rombo na poupança revela não apenas uma reconfiguração no perfil dos investimentos, mas também um reflexo direto das dificuldades econômicas vividas por grande parte da população. Portanto, ele avalia que apesar do leve alívio em junho, o cenário geral permanece frágil. E o economista faz um último alerta: “o momento exige educação financeira, planejamento e atenção ao que está acontecendo no bolso das famílias”. Além disso, ele destaca que “com acesso à informação e novas ferramentas digitais, o brasileiro pode — e deve — diversificar suas aplicações e melhorar a gestão do próprio dinheiro.”
Confira aqui o que disse o economista na íntegra.