A redução nos preços do café, antes esperada para 2026, pode ocorrer antes do previsto, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic). A recuperação das safras no Brasil e no exterior já pressiona os preços para baixo, afirmou o diretor executivo da entidade, Celírio Inácio, em entrevista à Rádio Caxias, nesta quinta-feira (3).
Conforme o diretor da Abic, nos últimos anos, quebras de safra em países como Brasil, Vietnã e Indonésia, causadas por eventos climáticos extremos, elevaram os preços da matéria-prima em mais de 200% em 2024, refletindo em um aumento de até 80% para o consumidor entre janeiro e abril. Com a colheita de 2025 superando expectativas e o real mais valorizado frente ao dólar, o cenário agora é mais favorável.
Segundo Celírio Inácio, outro fator que impulsiona o otimismo do setor é o combate ao “café fake” — produtos sem registro na Anvisa e com substâncias tóxicas, como ocratoxina. Ele conta que em parceria com o Ministério da Agricultura, a Abic intensificou ações de fiscalização, retirando marcas irregulares do mercado. A entidade também mantém, há mais de 30 anos, um programa de controle de qualidade nos pontos de venda.

Apesar das dificuldades recentes, Inácio ressalta que o Brasil segue como maior produtor e segundo maior consumidor mundial de café — liderando no consumo per capita, com 6,12 kg por habitante ao ano. Segundo ele, o setor movimenta R$ 32 bilhões por ano no mercado interno, representa 6% do PIB e exportou mais de 50 milhões de sacas em 2024. No entanto, Inácio aponta que o país ainda precisa agregar mais valor à produção, pois exporta majoritariamente commodity e fica com apenas 1% do faturamento global do setor.
Confira aqui a entrevista completa.