Nos últimos anos, a busca pela harmonização facial se tornou um dos procedimentos estéticos mais populares entre os famosos e não famosos. No entanto, uma tendência crescente tem surgido: a reversão de alguns dos procedimentos, com muitos pacientes, incluindo celebridades, buscando um visual mais natural, sem os exageros das intervenções anteriores. O movimento de desarmonização facial, promovido por artistas e especialistas, reflete uma crítica aos padrões estéticos impostos pela mídia e à pressão por um ideal de beleza muitas vezes inatingível. A mudança no comportamento, que prioriza a autenticidade, está diretamente relacionada à valorização da individualidade e da beleza natural, mas para alcançar resultados satisfatórios e seguros, é essencial a escolha de profissionais qualificados.
A psicóloga Sabrina Rugeri, especialista em saúde emocional e comportamento humano, destaca que a busca por procedimentos estéticos está frequentemente atrelada ao desejo de melhorar a autoestima e de ser aceito pelos outros. Contudo, essa pressão social, muitas vezes exacerbada por padrões de beleza veiculados na mídia e nas redes sociais, pode ter um impacto negativo. Sabrina alerta para o risco de comparações excessivas, gerando uma obsessão por alcançar um “ideal de perfeição” que, ao invés de promover bem-estar, pode desencadear distúrbios emocionais, como ansiedade, depressão e transtornos de imagem. “Quando o indivíduo se submete a procedimentos repetidos, muitas vezes sem necessidade, ele entra em um ciclo vicioso. Isso pode comprometer a identidade e a autoconfiança, tornando-se cada vez mais difícil de se sentir satisfeito consigo mesmo”, observa Sabrina. Segundo ela, a desarmonização facial, que prega a valorização da beleza natural, surge como um contraponto saudável aos exageros das modificações estéticas. A psicóloga reforça que o problema não está em buscar um aprimoramento pessoal de maneira equilibrada, mas na obsessão por resultados que atendam a padrões irreais.
A farmacêutica e nutricionista Queli Montanari, de 39 anos, é um exemplo claro de como o cuidado com a beleza pode ser feito de forma cautelosa e natural. Ela compartilhou sua experiência de 10 anos com a dermatologista Francesca Janol, destacando como ao longo do tempo sua pele foi preservada de maneira natural, sem exageros. Queli enfatiza que sempre teve como objetivo manter a aparência natural, sem recorrer a procedimentos invasivos ou exagerados. “Hoje, me sinto com uma beleza mais aguçada, sem necessidade de maquiagem. Minha pele é uniforme, sem manchas ou melasma”, afirma. Ela destaca também a importância de começar cedo com procedimentos leves para resultados duradouros, como peeling e preenchimento, realizados com cuidado e periodicidade, sempre respeitando sua identidade e características faciais. “A estética nunca foi sobre transformar minha aparência, mas sim sobre manter minha naturalidade, de forma melhorada.”
A biomédica esteta Renata Mariani explica que a harmonização facial é um conjunto de procedimentos minimamente invasivos, com o objetivo de melhorar a simetria, contornos e equilíbrio da face, além de suavizar sinais de envelhecimento, como rugas e flacidez, especialmente em mulheres acima dos 40 anos. Renata destaca que utiliza apenas ácido hialurônico, um produto reversível, e que o PMMA, um produto não absorvível, é proibido para biomédicos. Ela enfatiza a importância de um profissional qualificado e experiente para realizar uma avaliação detalhada e entender as expectativas do paciente. O foco de seu trabalho é prevenção e tratamentos de pele a longo prazo, sem exageros. A especialista também reforça que a harmonização facial é uma arte e que o profissional deve respeitar as características do rosto de cada paciente, sempre buscando atender às suas expectativas.
O dentista Reinaldo Pizzolo ressalta que a harmonização facial, quando realizada de forma ética e correta, oferece benefícios para várias especialidades da odontologia, como o tratamento de bruxismo e o sorriso gengival, com o uso de técnicas como o Botox. Para Pizzolo, a busca pela estética no consultório odontológico está diretamente ligada à autoestima dos pacientes, que frequentemente enfrentam traumas devido à aparência. O dentista alerta, no entanto, sobre os riscos de abusos em procedimentos estéticos, destacando a necessidade de procurar profissionais qualificados e especializados para evitar resultados insatisfatórios. Ele enfatiza a importância de verificar a formação do profissional, garantindo a segurança do paciente.
A dentista e biomédica esteta Franciele Zanol, com 15 anos de experiência em saúde estética e coordenadora do Instituto de Saúde Estética e Integrativa FZ, observa que a harmonização facial passou por uma grande evolução. Inicialmente associada a procedimentos de preenchimento com ácido hialurônico e outras substâncias, a prática tem migrado para uma abordagem mais conservadora e natural, com o objetivo de preservar a identidade facial de cada paciente. “A demanda por procedimentos naturais tem crescido bastante. Muitas pessoas que fizeram harmonizações anteriores começam a sentir que exageraram e buscam uma reversão. Isso acontece especialmente quando há o uso de substâncias permanentes, como o PMMA, que podem resultar em complicações irreversíveis”, explica Zanol. Para ela, a escolha de um profissional qualificado e especializado é essencial, já que procedimentos mal realizados podem levar a complicações graves, como infecções ou necroses.
Zanol destaca ainda que o conceito de beleza é subjetivo e, por isso, deve ser tratado de forma individualizada. “Cada pessoa tem suas características e necessidades específicas. O bom profissional deve ser capaz de entender essas particularidades e personalizar o tratamento para que o resultado seja o mais natural e harmônico possível”, afirma. Além dos procedimentos estéticos, Zanol recomenda a adoção de hábitos saudáveis como o uso de filtro solar, alimentação balanceada e a prática de exercícios físicos, que ajudam a manter a pele saudável e a complementar os resultados estéticos. Uma das maiores preocupações da especialista é a falta de regulamentação em algumas áreas da harmonização facial, o que torna fundamental que os pacientes busquem profissionais capacitados e éticos. “Infelizmente, qualquer pessoa pode realizar esses procedimentos sem a devida qualificação, o que coloca em risco a saúde do paciente. Por isso, a formação continuada e o conhecimento profundo sobre as técnicas são essenciais para evitar problemas”, alerta Zanol.
A reversão da harmonização facial e a busca por resultados mais naturais são um reflexo de uma mudança cultural em que a autenticidade e a aceitação das características próprias estão sendo mais valorizadas. No entanto, é importante que a decisão por qualquer tipo de intervenção estética seja bem ponderada e realizada por profissionais qualificados, que priorizem o bem-estar e a segurança dos pacientes.
A psicóloga Sabrina Rugeri e as biomédicas estetas Renata Mariani e Franciele Zanol concordam que, mais do que seguir modismos, os indivíduos devem buscar um equilíbrio que respeite suas próprias características e necessidades, promovendo não só um bem-estar físico, mas também emocional. A autoestima não deve ser construída a partir de padrões impostos, mas sim pela aceitação e cuidado consigo mesmo, de forma consciente e saudável.