O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), assinou na última segunda-feira (30) o decreto que aumenta o salário mínimo de R$ 1.412,00 para R$ 1.518,00, uma alta de 7,5%, válida a partir de 1º de janeiro de 2025. O reajuste de R$ 106 supera a inflação acumulada no período. Anteriormente, Lula havia sancionado a lei que alterou a fórmula de cálculo do salário mínimo e estabelece um teto de 2,5% para o aumento real, além da inflação.
De acordo com o economista, Mosar Leandro Ness, existia já a expectativa de que o reajuste fosse inferior à inflação devido ao desequilíbrio fiscal do governo. Como consequência dessa instabilidade econômica, ele prevê uma estagnação da renda, com redução do consumo, especialmente entre trabalhadores e aposentados. Ness também ressalta que o governo enfrenta dificuldades para realizar cortes em outras áreas, o que agrava a situação fiscal. A combinação de inflação elevada e renda estagnada pode intensificar os desafios econômicos tanto para a população quanto para o governo.
Outro alerta econômico é o comportamento do dólar, que registrou alta de 27% em 2024, a maior variação anual desde 2020, quando subiu 29,36% durante a pandemia de Covid-19. Segundo Ness, fatores como os juros elevados nos Estados Unidos, conflitos internacionais e incertezas sobre as contas públicas no Brasil impulsionaram essa valorização. O dólar mais caro deve pressionar os preços de alimentos, combustíveis e gás de cozinha, criando um efeito cascata na economia. A previsão para 2025 é de inflação crescente e juros ainda mais altos para tentar estabilizar o cenário.
Dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) indicam que aproximadamente 59 milhões de brasileiros possuem rendimentos atrelados ao salário mínimo. O cálculo do novo valor levou em conta o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que foi de 4,84% nos últimos 12 meses até novembro, além do crescimento de 2,5% no Produto Interno Bruto (PIB).