O dia 28 de outubro de 2025 ficou marcado na história do Rio de Janeiro como o dia da operação policial mais letal já registrada no Estado, com dezenas de mortos. Segundo o governo do Rio de Janeiro, a ação foi iniciada com o objetivo de combater a expansão territorial do Comando Vermelho (CV) e prender lideranças criminosas que atuam no Rio e em outros estados – os alvos se concentraram no Alemão e na Penha.
Dentro desse contexto, o comandante da pacificação do Complexo do Alemão, entre 2010 e 2012, na Operação Arcanjo, o veterano das forças especiais do Exército Brasileiro, Fernando Montenegro, concedeu entrevista ao Jornal da Caxias.
Ele contextualizou que o cenário ultrapassa o chamado narcotráfico e é considerado controle territorial armado, com localidades onde o grupo tem o controle efetivo, em todas as dimensões, sendo necessário reassumir as funções sociais do estado.
Montenegro lamentou que os governos estadual e federal não tenham dado à devida prioridade na operação da época. Acrescentou que as forças de segurança não receberam as condições necessárias para garantir que a região continuasse segura, com os criminosos retomando a área.
Ele garantiu que o caso não tem enquadramento na lei dos diretos humanos e muito menos na Constituição brasileira. Lamentou que aparecem diversos especialistas e que qualquer um se apropria do tema, com o país não levando a segurança pública.
O veterano das forças especiais também abordou o controle político da facção, onde as pessoas precisam votar sob o risco de sofrerem represálias dos criminosos. Além disso, pontuou que o Estado precisa suprir as práticas ilícitas do crime organizado local que vai muito além da venda de drogas, com a implantação do mercado cativo, com a obrigação de compra dos serviços indicados pelo crime. Acrescentou a necessidade de privar os traficantes do acesso a fontes de renda e de formas alternativas de financiamento.
Montenegro reclamou que há a percepção muito errada de colocar tudo na conta da polícia. De acordo com ele, há impunidade e uma preocupação muito grande em alguns segmentos da sociedade em defender direitos dos criminosos, mas que as pessoas que são vítimas são completamente esquecidas.
O governo do RJ confirmou na quarta-feira (29) 121 mortos na megaoperação nos complexos do Alemão e da Penha contra o Comando Vermelho. Foram quatro policiais e 117 suspeitos.





